Apneia do Sono

Cerca de 80% das pessoas que ressonam têm apneia obstrutiva do sono (SAOS). Esta síndrome afeta entre 9% a 24% da população adulta, homens acima dos 40 anos, mulheres pós-menopausa e crianças (2%). Estima-se que um milhão de portugueses sofra desta patologia, sendo que 50% dos homens e 25% das mulheres pode ter apneia do sono.

A Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono é uma doença que pode atingir até 80% da população acima dos 65 anos. Depois de diagnosticada, a doença tem tratamento, prevenindo assim várias complicações graves para a saúde.

O que é a apneia do sono?

É um distúrbio do sono caracterizado por uma redução/interrupção anormal da respiração enquanto a pessoa dorme. Estas reduções de respiração, ou mesmo interrupções tem um enorme impacto na qualidade de sono e se não forem tratadas leva a consequências potencialmente graves para a saúde.

As interrupções respiratórias durante o sono fazem com que a pessoa acorde periodicamente, reduzindo desta forma a qualidade e tempo de sono. Por vezes as interrupções da respiração podem não acordar completamente o individuo, levando a que este não tenha a perceção de que a sua respiração noturna é anormal.

Sintomas e consequências de apneia do sono:

Os sintomas de apneia podem, por vezes, passar despercebidos, ou estarem mascarados por outras causas.

A obstrução do fluxo respiratório noturno que ocorre no mínimo por 10 segundos e 5 vezes por hora, devido ao colapso das vias aéreas superiores, provoca a alteração do padrão de sono, fragmentando-o e não permitindo o descanso físico e mental. Desta forma o sono torna-se não reparador levando a vários sintomas:

• Sonolência diurna (a conduzir, sentado em situações monótonas, a ver televisão, a falar com outras pessoas, em transportes públicos)
• Dores de cabeça pela manhã que se estendem durante o dia;
• Ressonar alto;
• Boca seca ao acordar;
• Falta de ar;
• Sensação de engasgos noturnos;
• Aumento das idas à casa de banho durante a noite;
• Necessidade de beber várias vezes água durante a noite;
• Irritabilidade, cansaço e dificuldades de concentração;
• Disfunção sexual
• A incorreta oxigenação do sangue que ocorre durante a noite induz problemas graves como o aumento do esforço cardíaco, hipertensão arterial, arritmias cardíacas, maior risco de enfarte agudo do miocárdio e alterações hormonais.

Para o diagnóstico de apneia do sono, existem várias ferramentas disponíveis para avaliar as causas e tipos de apneias. O estudo poligráfico do sono é o exame mais indicado para avaliação desta patologia do sono. Além deste exame, podem ser utilizadas técnicas endoscópicas para avaliação da morfologia das vias aéreas superiores.

Além destes exames, a consulta de medicina do sono, realizada por um médico certificado é outra ferramenta na avaliação e diagnóstico de Apneia. Nesta consulta é realizada uma anamnese da história clínica, são colocadas algumas questões acerca da facilidade em adormecer em situações do dia a dia e são identificadas alterações anatómicas de forma a criar um plano de diagnóstico e posterior tratamento.

Tratamento:

Existem atualmente várias opções para o tratamento da apneia do sono, mediante a avaliação médica e o resultado dos meios complementares de diagnóstico. Em primeira instância fatores como má higiene de sono, risco de obesidade, ingestão de álcool à noite, refluxo esofágico e a toma de determinados medicamentos, devem de ser corrigidos.

O tratamento médico mais estandardizado consiste na utilização de um aparelho durante a noite que aumenta a pressão nas vias aéreas superiores, impedindo deste modo as apneias.

Existem outras terapêuticas, como:

• Terapêutica posicional. Através da utilização de um pequeno dispositivo, corrige a posição corporal do paciente, evitando desta forma paragens respiratórias que aconteçam em decúbito dorsal.
• Goteira de avanço mandibular. Esta realiza um avanço da mandibula, fazendo com que a língua tenha mais espaço na boca, não permitindo que esta descaia tanto e cause a vibração do ronco.
• Cirurgia. Utilizada em casos de apneia grave.

Todas estes dispositivos e terapêuticas devem ser prescritos sob regras estandardizadas e por profissionais certificados em medicina do sono.

Sabia que a apneia do sono é um problema social?

Quando não tratada esta síndrome tem consequências sociais e cardiovasculares graves, nomeadamente:

Risco aumentado de acidentes de viação, cerca de 7 vezes superior ao da população;
Problemas conjugais e familiares devido ao ressonar alto, alterações de humor, perturbações sexuais, que levam muitas vezes ao divórcio;
Diminuição da produtividade, concentração e memorização;
Risco aumentado de enfarte agudo do miocárdio, Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), morte súbita, diabetes, hipertensão arterial, angina de peito, etc.
O diagnóstico atempado e o seu tratamento correto permitem alterar radicalmente o panorama descrito, com uma melhoria significativa da qualidade de vida dos doentes.

Dr. Tiago Corujo – Neurofisiologista Especialista em Medicina do Sono na Neuromente – Centro Clínico e de Diagnóstico.

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