Quem nunca ouviu chamar “esquizofrénico” a algo ou alguém que não encaixa nos padrões considerados normativos na nossa sociedade?
O termo “esquizofrenia”, em que schizo significa “fendido”, e phrén significa “mente”, corresponde à doença mental clássica, aquela de que todos nos lembramos quando se fala de Psiquiatria. Trata-se de uma doença grave e crónica, que altera o modo como o indivíduo pensa, sente e se comporta.
Impacto da esquizofrenia na população.
Esta doença afecta cerca de 1% da população mundial e é a mais comum dentro do grupo das “perturbações psicóticas”; ou seja, nem todas as psicoses correspondem a esquizofrenias, uma concepção, muitas vezes, mantida erroneamente.
A esquizofrenia tende a iniciar-se no começo da vida adulta, por volta dos 18-25 anos, e é mais comum nos homens do que nas mulheres.
Sintomas de esquizofrenia
Os sintomas de esquizofrenia podem classificar-se em dois subtipos: os positivos e os negativos. Os sintomas positivos correspondem aos delírios e alucinações. Os delírios definem-se como convicções irrebatíveis, normalmente de conteúdo bizarro e relacionadas com o tema da perseguição. Como exemplo, um doente com esquizofrenia pode acreditar ser perseguido ou espiado, mesmo que esta ideia não tenha qualquer fundamento perante a realidade. Neste caso, e por mais que expliquemos ao doente que o que ele está a pensar não é real, ele não vai ceder perante a argumentação. As alucinações, por outro lado, correspondem à percepção de algo que, na realidade, não existe. As alucinações podem ocorrer em várias modalidades sensoriais (auditivas, visuais, tácteis, olfactivas, …), mas as mais comuns, na esquizofrenia, são as auditivas. O doente pode ouvir desde ruídos pouco diferenciados a vozes bem definidas, normalmente sob a forma de comentários depreciativos sobre si, ou sobre as suas actividades.
Além disso, na esquizofrenia, há uma desorganização do pensamento, em que não é possível manter uma linha perfeita de raciocínio, sendo esta interrompida, ou mudando subitamente de tema. O doente pode acreditar que todos ouvem os seus pensamentos, como se de um eco se tratasse, e pode usar palavras inventadas pelo próprio e sem sentido.
Já os sintomas negativos, como o nome indica, correspondem à perda de função, ou seja, aos défices que se instalam a vários níveis, nomeadamente: o doente não é capaz de exprimir as emoções (fica embotado), não as vivencia como boas ou más, interessa-se menos pela interacção social, o discurso torna-se pobre, breve, sem conteúdo, e há, também, uma diminuição da motivação, inclusive para as tarefas do dia-a-dia. São os sintomas negativos que mais se relacionam com o declínio no funcionamento e tendem a tornar-se crónicos.
Existem factores de risco para esquizofrenia?
São factores de risco:
- os genéticos (mais importantes), sendo que ter um familiar de primeiro grau com esquizofrenia aumenta o risco de desenvolver a doença,
- ambientais como a idade paterna avançada,
- a exposição a alguns tipos de infecção materna durante a gravidez,
- o crescimento em áreas urbanas,
- a emigração,
- o abuso de substâncias (em particular, a canábis).
Intervenção terapeutica para esquizofrenia
A intervenção terapêutica é de dois tipos: farmacológica e não farmacológica. Os medicamentos utilizados nos dias de hoje são eficazes no tratamento dos sintomas e acarretam menos efeitos secundários, em comparação com os medicamentos mais antigos.
Apesar de a intervenção farmacológica ser fundamental para o controlo dos sintomas e para uma menor deterioração funcional, assumem grande importância as intervenções não farmacológicas, como a psicoterapia, a terapia de remediação cognitiva, a reabilitação nas actividades de vida diária e no ingresso no mercado de trabalho.
Se, no passado, ter esquizofrenia era sinónimo de uma inevitável deterioração a nível cognitivo e funcional, hoje, em virtude dos novos fármacos de que dispomos, não é assim. Quando diagnosticado e tratado desde uma fase inicial da doença, uma pessoa com esquizofrenia mantém-se capaz de trabalhar, criar, e relacionar-se com terceiros
Será que, numa próxima, seremos mais cautelosos ao apelidar alguém de “esquizofrénico”?
Artigo escrito por Diana Mortágua
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